Um olho no campo e o outro no bolso: como os jogadores estão aprendendo a investir seu dinheiro
O futebol é um forte meio de ascensão social para quem consegue vencer as difíceis etapas em busca de um “lugar ao sol”. Pessoas humildes se tornam, de uma hora para a outra, verdadeiros milionários. Porém, por falta de assessoria devida e desconhecimento, às vezes toda a fortuna desaparece. Vários são os exemplos de grandes jogadores do passado que viveram seus últimos dias na miséria por não terem cuidado direito de suas finanças.
Lenta e gradualmente, este panorama está mudando. A figura do educador financeiro vem ganhando força entre a boleirada que atua nos principais centros de nosso futebol. E sua função é de toda relevância para os que sabem o quão curta é a carreira dentro dos gramados. Enquanto ainda acompanhamos atletas gastando dinheiro desenfreadamente com certas futilidades, outros pensam além.
Mas o que isso tem a ver com o chamado campo e bola? Ora, pergunte a si mesmo se você conseguiria trabalhar da melhor maneira possível tendo de lidar com problemas financeiros. Empresas que auxiliam os atletas a tomarem decisões de investimento ajudam os boleiros a renderem melhor em campo pelos seus respectivos times. No Brasil, uma das principais no segmento é a TopSoccer, que iniciou as atividades cuidando das finanças de atletas do esporte olímpico, antes de entrar de vez no futebol.
“Nós preparamos todas as informações sobre o país de destino: como é a economia, a tributação. Com isso, ajudamos de certa forma o jogador a tomar a melhor decisão pessoal. As propostas que chegam destes mercados (asiáticos) geralmente são muito boas. O desafio é conseguir informações corretas, seguras, para repassarmos aos clientes. Buscamos as fontes mais confiáveis para termos informações certas, estudamos muito para oferecermos segurança para os nossos clientes”, afirma a Goal Brasil o educador financeiro Marcelo Claudino, dono da TopSoccer.
“Emirados Árabes e China são lugares com características bem diferentes, cada um com sua forma de tributar o capital e legislações comparativamente bem distintas. Então, buscamos as fontes mais confiáveis para termos informações certas, estudamos muito para oferecermos segurança para os nossos clientes”, lembrou Marcelo, já que, muitas vezes, um atleta assina com um time sem ter noção de quanto terá de pagar em impostos.
“Nós temos pouca influência nesta decisão e sabemos apenas quando o cliente nos informa sobre a negociação. Também tem o clube, então como eu participo pouco deste processo fica difícil emitir uma opinião. Eu participo mais na retaguarda, para ajudar a pessoa tomar a decisão junto com o empresário”, assegura Marcelo, o educador financeiro.
Cenário do futebol brasileiro e dificuldades no pagamento
O jogador que atua no Brasil sabe que há grandes chances de ter atraso em seu salário. Por isso, também é bom se resguardar para enfrentar tais situações. Além de apresentar opções diversas de investimentos, a fim de otimizar o que entra em caixa nas contas dos jogadores, a Top Soccer também apresenta todo um plano para os seus clientes.
“Quando nós planejamos a vida econômica do atleta, lá no início, já criamos uma série de estratégias para enfrentarmos o mau e o bom cenário. Nossos atletas estão sempre preparados para uma situação como esta, ao contrário do que acontece com a maioria dos jogadores, por conta de uma falta de visão a médio e longo prazo. A nossa responsabilidade é manter uma estabilidade na vida pessoal que não interfira dentro do campo. Pelo contrário, que lhe dê mais estabilidade ainda. Mas é muito comum que atletas, por falta de conhecimento, não se preparem para tal situação, ainda mais no final de carreira”, garante o educador.
Craques cada vez mais financeiramente educados
“O Neymar é uma evolução. Ele já vem como atleta e produto desde que começou a surgir no Santos. O próprio projeto de viabilização dele no futebol brasileiro foi uma coisa nova, com salário incorporado à publicidade. Hoje, ele tem uma fundação, um prédio em Santos para cuidar de sua carreira… é uma evolução”, sentencia Marcelo Claudino.
Atualmente defendendo as cores do Náutico, Fillipe Soutto é um dos clientes da TopSoccer. O volante, revelado pelo Atlético-MG, elogia o trabalho feito pela empresa e ressalta o aprendizado que o próprio atleta acaba adquirindo.
“Vemos muitos exemplos de jogadores que perdem tudo por não saber cuidar do que ganham, gastam com coisas supérfluas e acabam jogando fora o patrimônio que adquiriram durante toda a carreira, que é curta e precisa ser bem administrada nesse sentido. Por me preocupar com o futuro, procurei essa orientação e acho extremamente benéfica. Ao mesmo tempo em que vamos agregando conhecimento na área financeira, temos a segurança de que estamos fazendo um bom uso do que ganhamos”, ressalta Soutto.
Rápida ascensão e gastos excessivos com família e amigos
O futebol é um forte meio de ascensão social, você já leu isso aqui. E o incrível aumento monetário de alguns acaba sendo destinado para ajudar familiares mais humildes e amigos. Mas, no intuito de ajudar, às vezes o profissional acaba exagerando no auxílio, principalmente com a chegada dos chamados ‘falsos amigos’. E se não for dada a devida atenção a isso, o jogador pode se complicar futuramente.
“Em todos os níveis de salários no futebol, ainda existe o comportamento de amigos e familiares gravitando, positiva ou negativamente, em volta do atleta. Acontece com jogadores de todas as faixas de renda, porque é uma cultura do nosso futebol. O que, talvez, alguns atletas venham a perceber é que ele precisa cuidar disso com muito cuidado, para poder chegar bem no final de sua carreira”, finaliza Marcelo Claudino.
FONTE: https://www.goal.com/br/news/619/especiais/2015/03/06/9552332/um-olho-no-campo-e-o-outro-no-bolso-como-os-jogadores-est%C3%A3o